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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O PRIMEIRO BEBÊ

Meu nome é Renata, e fizeram de tudo para que eu fosse o primeiro bebê de 1989. Vou explicar: meus pais, Simone e Jairo, tinham acabado de se casar e foram passar o Reveillon de 1988 próximo a Ilha Porchat. No dia seguinte, o jornal registrou que a primeira criança de 1988 nasceu em São Vicente. Minha mãe se empolgou para ter o primeiro bebê de 1989, mas depois se esqueceu.
Passaram alguns meses e minha mãe ficou grávida. Era de abril para maio.
- Si, você fez as contas?
- Não, meu amor, por quê?
- O bebê vai nascer ou em dezembro ou em janeiro.
- E...?
- Você não se lembra que queria ter o primeiro bebê de 1989?
- Verdade... mas será que nasce?
Minha mãe foi fazer consultas com o obstetra, que disse:
- Será uma menina e tem previsão de nascimento para a última semana de dezembro, ou primeira de janeiro. Para ser mais exato, provavelmente nasça na virada do ano.
Pronto, foi suficiente. Minha mãe ligou para suas amigas, falou com a família. Meu pai espalhou a novidade no serviço. Ele até ligou para um amigo dele que trabalhava em um canal de televisão para registrar "o nascimento do primeiro bebê de 1989". Virei programa de Reveillon. E quanto mais passavam os meses, mais era certo que eu nasceria na virada do ano. Meu pai que ia religiosamente para São Vicente toda passagem de ano, pôs o apê para alugar. Minha mãe programou até a cesárea para exatamente a virada. Pobre obstetra...
Até que no dia 26 de dezembro, minha mãe passou mal e foi parar no hospital. Pronto, ela pensou que acabou o sonho de ter o primeiro bebê de 1989. O médico que a atendeu viu que não tinha ainda dilatação, e que eram apenas reflexo da ceia de Natal. E ainda deu bronca:
- Está certo que a senhora tem que se alimentar bem, mas nada justifica os excessos nas festas.
Dia 31, minha família e amigos foram passar o Reveillon na maternidade. As câmeras da TV estavam até prontas para a hora do parto. Minha avó conta que foi uma zona aquela noite. Fizeram contagem regressiva. Tiveram até alguns gaiatos a gritarem: "Feliz bebê novo!". Foi quando chegou o médico. A equipe da TV começou a filmar:
- Nasceu. É uma linda menina.
- A que horas?
- 23:58.
Pronto, murcharam. Minha mãe conta que depois disso algumas amigas viraram a cara por alguns meses. Já na família, as reações foram diversas. Por apenas dois minutos, me chamaram por muito tempo de apressadinha. Mas aos poucos começamos até a rir desta situação, e já que não pude ser o primeiro bebê de 1989, a gente comemora meus aniversários na virada, e hoje eu me sinto a última bolacha do pacote, o último bebê de 1988.

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