Imagina que você é um compositor brasileiro, que de repente pega e compõe: "Ô minha maconha, minha torcida, minha querida, minha galera". Você será taxado de infantiloide e dopado. Mas como foi um compositor franco-espanhol que fez, foi o maior sucesso, até porque são as poucas palavras que ele fala em português.
E segunda-feira teve o show dele, Manu Chao, que tem músicas legais além de maconhas, torcidas, queridas e galeras.
Antes disso teve o BerlinLOOPBrasil, um projeto de um alemão que tocava todos os instrumentos, fazia beat-box e gravava tudo em pedal de loop (veja exemplo). O cara criava tudo na hora e creiam-me, fazia todo mundo dançar. Atrás tinha um telão onde tinham vídeos que um outro fazia na hora e artes experimentais em Brasília.
Depois disso, um DJ botou pra tocar reggae e anunciou "the dawning of the age of aquarius". E eu me lembrei da era do aquário do CJE, porque me exalou um odor familiar aos tempos de faculdade.
E enfim, o show. Manu Chao é um toco de gente. De boné, bermuda larga, camiseta e guitarra em punho, lembrava até o Netinho-ô-Milla. E ele tirava o pé do chão junto com seu guitarrista e baixista. E eu estava tão perto dele que dava pra ver os guspes que saíam. E eles faziam versões mais rápidas que as originais.
Na minha frente, tinha um grupo de gringos, entre eles uma colombiana que parecia a Mayra. E quando Manu Chao cantou "Me gustas tú" ("Me gusta colombiana, me gustas tú"), ela vibrava.
Manu Chao tocou seus sucessos como "Welcome to Tijuana", "Me gustas tú", "Clandestino", "Desaparecido", e, claro, "Minha galera", cantada pelo povo inteiro.
O show acabou tarde e eu acabei saindo mais cedo, e nunca na história de shows nesta cidade vi um show tão lotado quanto o do Manu Chao.