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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

UM AXÉ ACAPPELLA FEROZ INSINUA O BATIDÃO

Todos viram o quadro novo "A Cappella" do Domingão do Faustão? Eu, por ter cantado durante 5 anos em grupos vocais, me interessei muito pelo quadro, e depois de assistir (e votar muito), vou dar minhas impressões. Não vou falar dos grupos, porque todo mundo sabe que a minha torcida vai para o SetBlack, do qual eu já tive história musical com mais da metade dos integrantes. Mas vou falar de alguns detalhes que poderão melhorar ainda mais o quadro e fazer com que a moda a cappella caia literalmente na boca do povão.
1. Juri técnico. Na Dança dos Famosos, se o artista depender somente do voto da Susana Vieira, todo mundo vai levar 10, e se depender só do voto do povão, o galã da novela das 21h vai ganhar sempre. Por isso o Faustão chama coreógrafos conceituados para avaliarem tecnicamente os artistas. A mesma coisa vale para concursos musicais. Quem não lembra ano passado nos Iluminados a Ana Carolina e o Alexandre Pires tentando chegar num consenso sobre um candidato? E é isso que faltou nesta primeira fase. Aposto que se a Crismarie do BR6 e o Cravo Albin dessem notas, o resultado poderia ser outro, e as pessoas vão se encantar com a magia e a complexidade de se cantar a cappella como se encantam com as piruetas das danças de salão.
2. Técnico de som. Faustão de longa data já vem nos alertando que "Quem sabe, faz ao vivo". Mas o ao vivo de um grupo a cappella não é qualquer ao vivo. Como o cantar a cappella envolve cantar solo, cantar base, imitar instrumentos, fazer baixo e percussão, junto e misturado na mesma música, por maior que seja a técnica e a timbragem dos integrantes, o grupo tem que contar com o auxílio de alguém que saiba captar as diferentes frequências harmônicas de som de cada voz para que nenhum integrante a não ser o(s) solista(s) se sobressaia, ou o som que vai chegar nos PAs do teatro, nas TVs, computadores e celulares de casa vai virar uma pasta sonora. Aqui em Brasília temos a experiência de Adriano Sommer, que cuidou do som dos dois maiores grupos vocais da cidade.
3. O cantar a cappella. Vi muitos artistas comentando que o cantar a cappella é sem acompanhamento, que você não tem base. O que não deixa de ser correto, mas no caso de um grupo vocal, a sua base é seu colega de grupo, e vice-versa. Por isso os grupos vocais a cappella ensinam muito sobre trabalhar em grupo, chegarem juntos com um objetivo, o que é muito diferente de uma banda onde tem o front leader e todo o resto atrás (Enxergou aqui aqueles grupos de pagode dos anos 90, tipo Raça Negra?) Esta arte é antiga mas muitos artistas já tentaram colocar esta roupagem em suas músicas (os alemães do Die Prinzen, Queen, Roupa Nova, Billy Joel, Boys II Men, Backstreet Boys, entre outros), mas o que a nova geração conhece de grupos vocais vem do filme "A Escolha Perfeita", do seriado Glee e dos vídeos viralizados do Pentatonix. Então agora cabe a nós regentes, diretores e professores de música, aproveitar que o cenário está literalmente tranquilo e favorável para nossa música, e fazer com que esta arte se espalhe pelo Brasil.
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