Conheci eles num coral. Essa frase pode parecer lírica se você imaginar alguém cantando Hallelujah de Haendel, de Mozart ou mesmo do Leonard Cohen. Mas o coral em questão se apresentava fazendo percussão corporal e estavam lá. Dançando. Nunca vou me esquecer: a música em questão era um medley patriótico do Ary Barroso.
Quando as pessoas batiam palmas no tempo, eles batiam no contratempo. Quando cantavam a segunda voz, ninguém queria cantar a primeira. Foi paixão à primeira vista. Pelo menos pra mim, acho.
Passamos alguns ensaios ao som de Seal e Flávio Venturini e conversávamos via Yahoo Grupos. De lá migramos para o Google Grupos. Do Google Grupos para o Voxer (que "remixava" minhas mensagens de voz). Do Voxer, para o Whatsapp.
Fiz parte do grupo quando ele tinha 6 anos e eu 3 de Brasília, mas parecia que a vida começava ali. Fizemos apresentações em horários de almoço para empresas, casamentos, livrarias, casas de show, barzinhos, peças de teatro, programas de TV. Viajamos o Brasil dividindo medos de avião. Escrevemos projetos, arranjos, métodos de trabalho. Das músicas que eu gosto, várias foram cantadas. Aprendi o que é ser artista, ter presença de palco, e até como me vestir sem parecer um hominho e muito menos uma periguete.
Um dia, o grupo acabou. E não foi fácil. Choramos nos ombros de nossos respectivos maridos. Se ao menos a gente tivesse gravado um CD, eu penso, levaria sempre eles comigo.
Esta semana, pela primeira vez, vi o grupo que fizemos juntos uns remanescentes. Eu saí para morar em outra cidade, mas deixei alguns arranjos para eles se divertirem. E o que me deu foi uma felicidade profunda de ter criado legado na vida. Escutem aqui em baixo o arranjo que eu fiz para o grupo Supertronica, "Puro Êxtase/Garota Nacional". Originalmente para cinco vozes, mas eu fico cantando a segunda voz em cima.