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quinta-feira, 10 de maio de 2007

VER O PAPA E NÃO IR À ROMA Segunda parte

Hoje o dia prometia. Desde cedo, o metrô já anunciava:
"Atenção, devido ao evento no Campo de Marte relativo à visita do Papa, os trens funcionarão durante a madrugada".
Daí fui trabalhar, ao sair, dei choque em uma colega do serviço por causa do meu capote. E fui em direção ao Pacaembu, onde o Ahjaray já estava dentro do estádio desde às 14 horas aproximadamente. (saberemos mais tarde das histórias deles)
E fui desbravando um lugar inusitado e desconhecido onde quase sempre me perco, esteja a pé, de carro ou de bus: Higienópolis, lugar que me perdi bonito quando fui assistir o filme da Mostra na FAAP. Mas tive uma ajuda muito especial para poder chegar aonde queria: os amarelinhos da CET.
Fui andando achando que estava perdida quando escuto Paulão e Lu cantando que "É bom e agradável render louvores ao Teu Nome". Pronto, me achei. Hoje estava até mais fresco. A temperatura estava a 15oC. Mas o calor humano ia esquentar ainda mais. Enquanto ouvia do lado de fora "O Senhor é Rei", imaginava todo mundo dançando e fazendo a famosa coreografia.
Estava na grade, bem na grade. Em um lugar até privilegiado, pois o Papa iria passar no meio das grades. Me junto a uma paraguaia de Assunção, que veio com uma turma enorme. Muita gente que não conseguiu o convite, ou que deu pra outro porque tinha que trabalhar (como eu) estava do lado de fora aguardando a passagem do Papa. E se informando através do celular e dos helicópteros que por lá passavam.
Antes do Papa passar, vieram carros da polícia militar, da polícia civil, da guarda civil metropolitana, do exército e da polícia federal. O exército estava com as bandeirinhas do Vaticano na moto. Depois passaram carros da comitiva, e depois uma perua da Globo, que de novo confundi com o papamóvel. E, em seguida, o papamóvel com o Papa dentro passando e abençoando a todos que lá estavam. Bem na minha frente!!! Claro que não consegui tirar a foto "bem na minha frente" porque eu também queria prestar atenção. Mas me valeu e muito.
Mas "se você pensa que acabou, isso não acabou não, há há há, você não sabe o que há por vir!". As grades de passagem da praça Charles Miller foram retiradas e o povo foi para o meião, perto da porta do estádio. Nisso o Papa já havia entrado no estádio, e toda aquela galerona de 35mil convidados vibrava e muito com sua vinda. Ele pegou e deu uma volta por fora do estádio para abençoar o pessoal que lá estava e não tinha convite! E eu tirei esta foto (powered by foto.com.texto tour), que embora embaçada, dá pra ver como eu estava pertinho do Papa.
E tinham os telões, sintonizados na Band. Legal, a Band com toda uma cobertura completa do Papa, vai mostrar tudinho, pensei. O Papa entrou, deu a benção e os bispos começaram a falar. Nisso começa do nada uma propaganda das Casas Bahia. Vaias. Outra propaganda de xampu anti-caspa, e outra de palavras cruzadas. Ah, só vou escutar agora?
Nisso comecei a interagir com o pessoal que ficou do lado de fora. Muitas histórias, muitos movimentos e pastorais incluidos. Tinham caravanas de diversos lugares. Gente de São Paulo, do Paraná, do Pará, de Minas, do Mato Grosso do Sul, do Rio de Janeiro. Um destes grupos tinha faixa para o Papa escrita em alemão: "Wir lieben den Papst. Willkommen!" (Nós amamos o Papa. Bem-vindo!). Tinha gente de fora do país também, argentinos, paraguaios, peruanos, equatorianos. Tinha gente do movimento tradicionalista, do caminho Neocatecumenatal, da Pastoral da Juventude, do Movimento de Schönstatt da Mãe Rainha, do não sei o quê de São Miguel Arcanjo (eram os paraguaios, é que eu não me lembro), da Renovação Carismática, religiosos carmelitas, da Toca de Assis e de outras congregações que eu não me lembro o nome agora. Muitos seguiriam dalí para o Campo de Marte onde ficariam em vigília para a missa.
Um destes grupos veio do Niterói com convite e tudo para entrar no Pacaembu. Acontece que ficaram quatro horas parados pela Polícia Federal, chegaram atrasados e não puderam entrar. Ficaram do lado de fora segurando as faixas que iam levar para o Papa. Também tinham uns gatos pingados fazendo protesto lá dizendo que "o diabo não existe mais". Heh! Também estava lá o Zaguinha, figura folclórica do Rio de Janeiro que faz embaixadinhas com tudo que tiver pela frente. E estava com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida pendurada em seus ombros.
Estavam de TV lá a TV Cultura, a Band, a Canção Nova e a Rede Vida, entre outras que estavam dentro do estádio e que eu não vi. O telão desistiu de passar as imagens do Papa e ficou só no Jornal da Band. Nisso, alguns jovens que estavam aparecendo na reportagem da Canção Nova começaram a gritar: "Uh, Canção Nova! Uh, Canção Nova!", pois a Canção Nova passou na íntegra o evento do Papa. Só não foi tão na íntegra porque cortaram com o horário político, mas eles gravaram e passaram depois.
O ecumenismo também estava presente, pois tinha uma casa lá perto escrita "O movimento zen-budista saúda o Papa Bento XVI", e estava lá também a perua da reportagem da Record, canal dos da IURD.
Mas ainda não terminou. Amanhã será a missa no Campo de Marte, e terei mais história ainda pra contar.

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