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terça-feira, 19 de abril de 2005

GLOBO E MAFÊ - UM CASO ESPECIAL COM SEXO, MENTIRAS E VIDEOTAPE

A Globo está fazendo 40 anos, 22 destes sob a minha vista. Ok, posso falar da Globo, mas se a Manchete estivesse em pé em 2003, estaria inserida no meu especial "Menina Veneno". Mas senta, que lá vem a história (Ops, isso é outro canal):
No princípio era o Telefunken. E nesta TV de origem alemã (provavelmente oriental), havia sete canais apenas: 2 (Cultura), 4 (TVS), 5 (Globo), 7 (Record), 9 (Manchete), 11 (Gazeta) e 13 (Bandeirantes). Era uma época em que não existia controle remoto e eu e toda minha pequena miopia iam até a frente da TV e fuçavam em todos os canais. E em cada canal tinha algo. Na Cultura, tinha o Catavento, o Bambalalão, o Rá-Tim-Bum (sem castelo, ainda). Na TVS, tinha Chaves, desenhos e o primeiro enlatado mexicano: Carrossel. Na Record, tinha o Jornal da Tosse (Jornal da Record primeira edição, cujos repórteres se somados a idade, iam dar a idade do Brasil). Na Manchete, tinha o Carnaval e os enlatados japoneses (Jaspion, Changeman, Jiraya e família). Da Gazeta, tinham as "parceirinhas" Claudete e Ione no Mulheres em Desfile. E a Bandeirantes, o Canal do Esporte, tinha o Bolinha.
E a Globo, eu tinha medo. Medo da "guerra pastelão dos sexos" da Fernanda Montenegro e do Paulo Autran que reprisava sempre no Video Show, medo da Dona Redonda de Saramandaia explodindo (Video Show de novo), medo da Coisa da TV Pirata, medo da Dóris para Maiores, aquela mulher não era humana. Medo do menino que virava macaco na Eco-92, do Plantão da Globo... opa, pulei o tempo. Mas tinha um sonho que sempre se repetia de eu estar assistindo Globo no horário nobre e a TV e as luzes apagavam e eu acordava.
Mas a Globo, com toda a sua megalomania, me trazia para sempre e sempre assistir, aconteça o que acontecesse em outros canais. Se a Cultura tinha o Catavento, o Bambalalão, o Rá-Tim-Bum (sem castelo, ainda), a Globo tinha a Xuxa. Ah Xuxa. Ela pôde ter sido o que foi, mas quase todos daquela geração a tinham como "Rainha dos Baixinhos" até hoje. Todo mundo queria ver o que tinha dentro da nave e para onde ia. Todo mundo sabia de cor que o endereço de correspondência era Rua Saturnino de Brito, 74, Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Como hoje é dia de índio, poderia ter a Mara Maravilha cantando "Eu sou uma índia, sou filha da lua", que a Xuxa era mais convincente cantando "Vamos brincar de índio, mas sem mocinho pra me pegar". E eu lembro que mandei um e-mail pra ela quando ela anunciou no Faustão que estava grávida da Sasha! Ela não me respondeu...
Se o SBT (antigo TVS) tinha Chaves, a Globo nunca ganhava, mas tinha a Escolinha do Professor Raimundo. E cada ano, morria um integrante de lá. O primeiro foi o Tião Bacuri (um que vinha vestido de corinthiano), depois o Supapauaçu, depois o seu Baltazar da Rocha (eu-lho), o Sandoval Quaresma (tá na ponta da língua), o Mazzaritto (Maum!) e por último a Dona Bela (só pensa naquilo). E sempre tinha a gostosa da vez. Se no final dos anos 1980 era a Marina da Glória (Chamou, chamou?), no começo dos 1990, era a Capitu, que iniciou na arte de apagar a lousa rebolando. Depois alguns foram pra Record, onde o professor era o Dedé Santana, mas o salário, ó... Falando em Trapalhões, como não esquecer dos clipes que eles faziam: "Terezinha de Jesus", "A filha da Chiquita Bacana", e o "Mulher pequena", no qual Didi dançava com a jogadora de basquete Marta.
Se o SBT tinha enlatados mexicanos (e novelas gravadas na USP), a Globo tinha novelas legítimas. Tudo bem, "Começar de novo" não devia nem ter começado de primeira, mas tinha "Cambalacho" que eu sempre confundia com "Sassaricando", onde havia a Claudia Raia de Tancinha, que eu sempre "me" confundia com a Marisa Orth fazendo a Nicinha da "Rainha da Sucata", que tinha a Regina Duarte, que eu confundia com a de "Vale Tudo", onde havia o quem matou Odete Roitman, que deu origem a novela "Próxima Vítima", que aparecia a Claudia Ohana sem o suvaco depilado, como na Vamp, que deu origem ao "Beijo do Vampiro", que tinha a Deborah Secco fazendo papel de sexy, que nem em "Suave Veneno", "Celebridade", e "Laços de Família", que ela agarrava o Zé Mayer, que agarrava outra ninfeta em "Presença de Anita"... opa, aí já são minisséries. Esquece!
Se a Record tinha o Jornal da Tosse, a Globo tinha o Cid Moreira. Desde quando ele deu mais de 5000 "Boa Noite" no Jornal Nacional junto com o Sergio Chapelin, até quando ele ficou amigo do Mister M passando a figurar somente no Fantástico. Aliás, o Fantástico, tinha uma época que se você assistisse quatro anos direto, você se formava em medicina, pois só falava de doenças. Mas passou a falar de viagens, Denise Fraga, viagens, Pedro Bial, viagens, Glória Maria, viagens... menos mal. O jornal Hoje já existia ontem com a Leda Nagle, ainda existe hoje e existirá amanhã.
Se a Manchete tinha o Carnaval, a Globo tinha a Globeleza. Era páreo duro na época que a Manchete tinha o baile gay do Scalla e o concurso de fantasias luxo e originalidade. A Globo só rebatia com o desfile da Sapucaí, e anos mais tarde, do Anhembi. A Manchete passou a passar carnaval de Manaus e de Florianópolis, e mais tarde, faliu. A Globo se manteve passando carnaval do Rio e de São Paulo, e a Globeleza saiu de cena, trocando por uma mulher que não sabe sambar.
Se a Manchete tinha os enlatados japoneses, a Globo comprou os Power Rangers, mas os nossos japoneses eram mais garantidos que os japoneses dos Estados Unidos.
Se a Gazeta tinham as "parceirinhas" Claudete e Ione no Mulheres em Desfile, a Globo tinha TV Mulher, e Ana Maria Braga. Cada uma virando de um lado. E eu mantendo distância.
Se a Bandeirantes era o Canal do Esporte, todas as Copas do Mundo eu assisti na Globo (menos a final de 1994, que meus primos queriam porque queriam ver na Band). E assistia com narração do Galvão Bueno (de onde saíram os cartazes "Galvão, vá pentear macaco!", "Galvão, filma eu!" e "Mãe, tô na Globo!"), que também narrava a Fórmula 1 (onde ele começou a rasgar os "r"s gritando "Ayrrrrrton, Ayrrrrrrton, Ayrrrrrrton Senna do Brasil!!!")
Se a Bandeirantes tinha o Bolinha, a Globo tinha o Chacrinha. Ok, anos mais tarde, quando não havia mais Chacrinha, a Band lhe empurrou o Faustão. Mas o Chacrinha era uma figura que nem programa precisava. Ok, eu tinha 5 anos quando ele morreu, e me lembro muito pouco daquela figura caricata. Nunca mais houve programa trash na Globo, só situações.
O fato é de que a Globo marcou tanto, que neste blog, são quase 60 citações, incluindo este post. Até porque fiz parte da Globo, quando participei da gravação do programa "Altas horas" de 2001, que tinha a participação do Vavá, da Camila Pitanga, do hipnotizador Fábio Puentes (com a cena que foi ao ar de eu e a Cíntia saindo logo da mágica que ele fez), e o ator Guilherme Fontes (Enquanto o lado das outras faculdades perguntavam sobre o beijo na Sandy, a gente da USP perguntava sobre a grana do Chatô).
E da história do Fama, do BBB, do Carnaval 2004, e a mais recente, a participação do Yuji no Globo Repórter.
Então, hoje (ou melhor, dia 26/04), a festa é sua! (preciso falar do vídeo da aula de geografia de 2000?)

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