Todo mundo viu os 15 minutos de fama da Guarda do Conde e da New Rox School Band, quando o nosso vocalista Henrique Yuji foi entrevistado pelo Globo Repórter. Mas o que ninguém sabe foram os bastidores dessa gravação.
Este texto foi escrito no dia seguinte após a gravação. Não se sabia ao certo o que iria pro ar, se iria. Em algumas partes ele foi editado, mas a sua essência de antes-de-ir-ao-ar permanece.
16/05/2004
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A Mariana nunca havia andado de metrô, e eu dei todas as coordenadas. Ela estava sob os meus cuidados, o que preocupou sua mãe. Mas mesmo assim, seguimos até o metrô Liberdade. Ela se espantou com a quantidade de yankees, mas "yankees" não tinham. Geralmente eu encontro na FEA.
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Chegando lá, estava o Yuji, o Kenji e o André Bonatto, todos da New Rox. Os gaijins estavam totalmente perdidos no bairro da Liberdade, mas os irmãos mostraram o caminho. Em um beco mal-iluminado, onde terminava com a igreja de Nossa Senhora dos Enforcados, entramos em um karaokê típico japonês, onde estava a produção do Globo Repórter.
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O Globo Repórter que era gravado era sobre a timidez dos descendentes de orientais e como a música (e o karaokê) ajudam a destravar muita gente. Na melhor banda de todos os tempos da última semana, antes do Yuji tínhamos a Juliana Chuan, descendente de chineses, que cantava, tocava e compunha. E no comecinho, Henrique Yuji era tímido, e ainda o Beto Júnior atrapalhava o chamando de Xororó. Ele e a sua professora de canto (que é tímida) e mais outro professor foram entrevistados. Depois, Yuji iria cantar. Como ele iria cantar para 170 milhões de pessoas, e mais os gringos que assistem via cabo, ele cantou uma música do Maurício Manieri, e depois uma balada em japonês.
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Quando eu ouvi pelo telefone, eu nem imaginava que iria ser filmado, mas depois que ouvi a mãe dos dois, até que me arrumei, mas nem passei perfume. Mas como tinha saído de balada a sexta-feira (a tal balada da Anastácia), de manhã fui trabalhar de óculos mesmo. Mas quando eu vi a equipe de filmagem da Globo, tirei o óculos e não vi mais nada. Você sabe que tem atores míopes que quando contracenam, parecem que estão apaixonados, mas na verdade eles estão apertando o olho pra enxergar. Na hora que o Yuji cantou, eu só via uma cena vinho, com duas bolas verdes em cima (a tela do videokê), uma coisa clara no meio brilhando (onde tem a letra da música) e um vulto azul (o Yuji).
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Para muitos, era a primeira vez que seriam filmado. Alguns já tinham ido em algus programas como o Musikaos e o Altas Horas, mas era platéia. A gente também iria aparecer na TV, afinal de contas somos amigos, companheiros de banda e fãns do Yuji. Mas a preocupação com a imagem era o mais importante. Mariana estava de cabelo preso, tinha acabado de lavar e secar, e qualquer vento (gelado de São Paulo) já faria estrago. Bonatto tira o capote e estava com a roupa que foi pra aula (camiseta de manga curta, passando frio horroroso). Kenji estava com uma camiseta estampada, cuja estampa com certeza seria tapada com aquele mosaico quadriculado que usam para esconder traficantes e protegidos. E eu estava de gorrinho, e fiz questão de aparecer de gorrinho pra dar um ar alternativo, claro que antes consultei o Bonatto, o Kenji e a Mariana. A gente sentou na frente e a família atrás. Quando gravou ele cantando Maurício Manieri, foram gravar a platéia. Deram um take no pé do Kenji marcando o ritmo, da minha boca acompanhando a música, o Kenji e a Mariana de costas, um cutucando o outro. Quando o Yuji começou a cantar em japonês, o Kenji começou a acompanhar e disse:
- Eu não sei nada do que estou cantando - e foi filmado também.
Ontem passou a gravação. Passou mais ou menos um minuto da cena do karaokê. Aquele professor que eu citei no começo, como ele era o mais tímido, foi o que mais apareceu, e nessa hora, eu e o Bonatto estávamos sentados ao fundo, sem preocupação em aparecer. Mas tcharam!, o Bonatto apareceu toda hora, e depois - pasmem! - eu apareci no fundo, de óculos, com o reflexo do óculos batendo na câmera, e eu olhando pro lado pra falar não-sei-o-quê com o Bonatto. E o pior...
Eu apareci tirando o óculos em horário nobre!!!!! Tudo isso se acontecia ao fundo, enquanto o professor tímido era entrevistado.
Quanto às cenas do Yuji cantando, apareceu um pedaço dele cantando em japonês, e um take do fundo do que eu não conseguia ver à frente.
A Mariana apareceu, de acordo com ela, meio segundo. Mas apareceu de frente e de costas, deu uma olhada discreta pra câmera, enquanto o Bonatto deu uma olhada de lance. Eu apareci sorrindo e o Kenji cantando. E sua família apareceram também mais tarde em cenas gravadas em sua casa, onde teve no começo do ano o mini-festival.
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