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terça-feira, 27 de agosto de 2013

ENTRA EM CENA, FAZ SEU NÚMERO

Quem me conhece sabe que sou mais de cantar do que de atuar, mais de cinema do que de teatro. Mas de uns tempos pra cá comecei a ver que juntando tudo, a arte fica mais completa. Foi por isso que resolvi assistir a alguma peça do Cena Contemporânea 2013, o festival de teatro do Distrito Federal onde pude juntar teatro físico, dança, meditação, haikai, clown e um grande amor.
Nos mesmos moldes que eu escolhia um filme nas já conhecidas mostras de cinema tanto de São Paulo quanto do Distrito Federal, eu escolhi uma peça para assistir. E foi a Imagens do Sagrado - Bilma, da Cia. Os Buriti. A peça em si é um monólogo de dança, no qual a atriz contracena com ela mesma, com a plateia e com a luz. Com poucas falas, ela demonstra com gestos e expressões desespero, angústia, alegria, fuga da luz, sombra, morte, vida e libertação. E os números de dança são verdadeiras orações na qual ela entra em conexão com ela mesma e com o sagrado. A luz também fez o seu papel de destaque conduzindo o ambiente para as tais imagens do sagrado, principalmente as cabalísticas. O interessante é que a dança era cíclica e em círculos e o ambiente de teatro de arena ajudava para que todo mundo pudesse ver. E eu, que sou naturalmente uma mão-de-alface, estava totalmente absorta nos diversos movimentos, cada um relacionado a um elemento da natureza. Aprendendo e curtindo a experiência do teatro.
Para quem quiser assistir, amanhã tem mais no CCBB, R$ 10 a meia.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

E TUDO POR CAUSA DO REI CAPITÃO

Para quem vem acompanhando a minha saga de volta aos palcos, na semana passada o grupo Laugi foi convidado para ser pit singer (ou coro fixo) de um musical do aclamado diretor Hugo Rodas, chamado "Rei David". Tudo começou quando recebemos as músicas para ensaiar, eu coloquei no celular e ele sumiu. Que beleza! Mas depois consegui ouvir as músicas e escutar bonitinho durante as férias. Os ensaios de coro começaram na semana anterior, numa segunda-feira extremamente chuvosa, que me fez provar que no fim do mundo, vou me salvar porque dirijo igual a protagonista de filme-catástrofe. Naquele dia conhecemos um pouco da peça que só tínhamos ideia pelo áudio do ensaio. Os ensaios nos foram familiarizando com o tema. Mas a semana decisiva foi do dia 26 em diante, quando passamos as noites inteiras de segunda a domingo dentro da UnB para ensaiar e apresentar. A nossa função era ficar sentado escondido do lado esquerdo do palco (direito para quem assiste) numa plataforma de madeira (nada para quem subia e descia aquela plataforma do RENT umas 45 vezes), cantando o nosso melhor. A bunda doía nos primeiros dias, e aí era engraçado porque às vezes os atores de tanto trabalho corporal queriam estar sentados, e a gente queria estar se mexendo no palco. A cada marcação, a cada repetição, a cada erro, a cada acerto, a cada "bronca" do diretor, íamos aprendendo e absorvendo. Alguns atores nos chamavam a atenção pela sua presença, tensão e tônus muscular. E o que me chamou a atenção foi a atriz e cantora Aida Kellen, solista de duas músicas, e cantava mais do que muita menina de musicais à Broadway de Brasília. Mas para mim foi uma experiência interessante: não houve o frisson de entrar em cena justamente por eu estar escondida. Outra coisa foi que tínhamos pastinhas para colocar as músicas e usaríamos pequenas lanternas para nos acompanhar. No primeiro dia eu usei a do celular e ele me caiu na segunda sessão, aí desisti. Mas aos poucos a gente foi decorando quase todas as músicas, isso porque decoramos praticamente a peça inteira, lembrando sempre das frases mais marcantes durante o dia.
O bom de estar sentado escondido numa posição estratégica atrás do palco é que a gente via as cenas de um ponto onde ninguém teria ideia. As entradas e saídas de palco, a mão do regente da Brasília Big Band Ademir Júnior, alguns "satz" de alguns atores que da plateia ninguém jamais imaginaria ver, e alguns segredos de peça que não serão contados, mas que a gente via a reação da plateia e achava muito interessante. Todas as sessões eram praticamente cheias, e foi muito gratificante ver meus colegas de trabalho (em todos os sentidos) nos assistindo, ou melhor, assistindo a peça e nos ouvindo. A hora de concentração do palco muitas vezes contava com o aquecimento da orquestra, que tocava de Cartola até Araketu, passando por É o Tchan e Dire Straits. E no último dia, o elenco, o grupo e o regente da orquestra se uniram em roda para transmitir aquela energia e gritar: "Vocês são meus, vocês são os homens de David!". No domingo, eu estava sem voz, fiz um aquecimento lascado e ainda consegui dar 40% do que eu geralmente dou. Mas foram dez sessões intensas, corridas, cantadas, improvisadas, com toda a atenção e energia necessária para o palco. E entre uma sessão e outra no domingo, apresentamos Kid Cavaquinho para o elenco de atores que aplaudiu forte a gente. É, estamos  todos juntos neste barco, querendo levar arte às pessoas.
Há três anos, eu, Maria Barrillari, abandonei uma porta que se fechou de repente e resolvi procurar cantar e atuar desesperadamente por Brasília. Hoje, as portas se abrem e eu posso dizer que sou feliz no que eu faço.
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