Este foi mais trágico do que em Guaratinguetá, pois envolvia a vida de 37 pessoas que estavam num ônibus do Peru a caminho do PETAR
Visão pessoal
Vinte e dois de novembro de dois mil e dois. Acordo para arrumar a minha mala para o PETAR. Por algum motivo que eu não sabia qual eu não estava com vontade de ir, embora fosse o lugar que eu adoraria conhecer. Depois de pronta a mala, meu pai oferece carona para a faculdade, já que eu estava com um malão. Chego lá à tarde pra trabalhar e fazer o trabalho do Camilo. Terminado, vou ao CA tomar um Toddynho quando vejo na rede um cara tocando violão. Diz ter um projeto que daria um post n“O Fantástico Choubisnes de MaFê". Fico tocando violão com ele até a hora da aula, me acompanhando o Thiago "Pira", mas isso é só para quebrar o gelo. Das 18h às 19h30 cai uma chuvinha e penso: "vai miar meu passeio..." mas chego na aula, deixo minha mala onde todo mundo deixou a sua e vejo a aula. O professor do babado não se alonga muito, às 22h nosso ônibus partiria. Enquanto esperávamos todo mundo chegar, tinha uma criatura que nos aparece com uma garrafa de xiboquinha bebendo no gargalo. Pensei comigo mesma que este cara era mais um mundrungo da ECA, quando descubro que ele seria nosso guia. Pensei: “Este guia promete”, e cumpriu. Entramos no ônibus e até as 22h30 a gente não tinha embarcado, porque o Ricardo Nakamá (aquele, de outros carnavais e cavalos) estava arrumando a mala e tomando banho. Éramos 35 pagantes, mais o motorista. Dos que estavam no cavalo de Guaratinguetá (citado por Leo no inimigo secreto porque ele tirou a Dani), apenas o casal Ricardo "Nhunhes" e Daniella não estava. Enquanto esperávamos o sempre atrasado Nakama, do nada apareceu Rafael (guarde este nome), um cara do segundo ano de Publicidade, que zoou com uns amigos dizendo que ia ao PETAR e acabou entrando no ônibus, tendo apenas uma muda de roupa e que se virar para arranjar uma desculpa para a namorada, com quem havia marcado de passar o domingo em casa. Pobre Rafael, que além de levar um esporro da namorada, não esperava o que estava por vir...
Wake up, number 37 (quem viu “A última profecia” sabe)
Com o Rafael entrando no ônibus, seguimos rumo ao Portão 3 para buscar o Ricardo Nakamá. Depois dele embarcar e ser zoado, seguimos viagem em direção a Régis Bittencourt, a “rodovia da morte”. Colocamos um dos CDs gravados pela JuLie para Jarinu e começamos a cantar “EÔ EÔ” e a música das Paquitas. Até chegar na parada em Registro, a turma do fundo bate papo e lembra de músicas, programas e desenhos antigos, numa supersessão nostalgia. Chegamos em Registro e fizemos nossa parada no Graal, onde compramos bolachas, sanduíches, pães de queijo, etc. Abastecidos, seguimos felizes e contentes em direção ao Vale do Ribeira. Como já eram 3 da manhã de 23/11/2002, todos nós fomos dormir. A JuLie colocou um CD de músicas anos 80 (gravado para Jarinu) enquanto tentávamos dormir. Só Aline, inquieta, não dormia e nem sentava no banco. E eu encostei no banco do lado direito do ônibus, enquanto tocava de fundo Eurithmics. Do meu lado direito, Thiago Gonzalez dormia profundamente. Do meu lado esquerdo, Ewerton, Paula Fernanda, JuBet, e a escuridão da Régis à noite. Quando de repente, escuto a primeira explosão. Acordo sentindo aquele bafo quente pra cima de mim. Quando abro olho, vejo a segunda explosão no meu lado esquerdo e vejo o fogo querendo entrar no ônibus pela esquerda. Todo mundo acorda desesperado. Aline não queria mesmo mais dormir. Os curiosos se aglutinam na janela esquerda do ônibus. Um caminhão tinha acabado de explodir bem do nosso lado. E o ônibus do Peru passava lentamente. Mas o mais intrigante é que a explosão aconteceu bem do lado do Rafael, aquele da namorada furiosa.
Bem, ninguém se feriu, ninguém se cagou, só o medo, principalmente. Eu, Leo, Denise, Ricardo Nakamá, que antes dormia profundamente e nem desceu em Registro e Ana Matilde, escapamos da morte mais uma vez. Além destes, vou listar: Ewerton, Paula Fernanda, JuBet, JuLie, Aline, Karina “Barangone”, Damiana, Cris e JP, Patrícia Dunker, Cíntia, Mariane, Marina, Mayra, Roberta, Eliane, Thiago Gonzalez; Fernando “Ipehan” e sua namorada, Dylan; Camila, Rafael e Valéria de PP, Daniele de RP; Prof. Américo, sua mulher e seus dois filhos mais um amigo do professor, uma guia amiga da Eliane e o guia sinistro da xiboquinha. Inclusive depois, falamos que ele era o principal suspeito da explosão, por causa do bucho cheio de mé. Desta vez não houve numerologia nem contexto que se explicasse. Apenas o espectro de Annie Lennox cantando enquanto o caminhão explodia: “Sweet dreams are made of this...”
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