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quinta-feira, 6 de março de 2003

ESPÍRITO, ESPÍRITO SANTO, TRANSFORMA-ME, QUERO RENASCER

Como voltei ontem à noite de viagem, vou mostrar os melhores momentos escritos, hieroglifados e editados por mim no meu diário de viagem.

No ônibus - primeiras impressões
"01/03/2003
2h30 - estamos passando agora por Volta Redonda (terra da Roberta). Todos do ônibus estão dormindo, ou melhor tentando dormir. A turma parece ser bastante alegre e acho que irei me divertir bastante.
No começo meu carnaval seria algo como: "NO SEX, NO DRUGS, NO EGÜINHA POCOTÓ", mas parece que uma regra está a ser quebrada: a da Egüinha Pocotó.
(...)
Agora estou no perímetro urbano. A cidade é bem interiorana. Vejo fumaça, deve ser da CSN (ó como eu manjo!)
(...)
5h45: só um detalhe: estamos em Pirapetinga/MG! Para quem ia para Vitória/ES e estava em Volta Redonda/RJ, foi uma puta volta!"

Agora eu explico: a gente teve que dar essa volta para desviar do Rio de Janeiro, ou melhor, das balas perdidas.

A primeira noite de Vitória
"01/03/2003
22h25: (...) A noite de Vitória é, com o perdão do trocadilho, uma derrota. Comparada com as praias paulistas, sempre lotadas nessa época, Vitória (pelo menos a praia do Camburi) apresenta até quiosques fechados e ruas fáceis de circular. E nenhuma quiosque no último volume tocando "hits" do momento, no máximo ou estavam vendo a novela das 7 ou escutando música do nipe da rádio Antena 1 FM
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Guarapari ou promessa não cumprida
"02/03/2003 - 18h55
Acabei de chegar de Guarapari. Em comparação com Vitória, é bem mais lotado de gente, até porque o povo de Vitória está tudo lá. Além disso, tem mineiros procurando mar, cariocas fugindo da violência e alguns paulistas vindo de excursões CVC. A areia de uma praia (Areia Preta) é preta e medicinal. O rádio tocava em último volume os maiores sucessos axé e funk. Para variar e para o desgosto da gente, tocou a "Egüinha Pocotó". Nisso começou uma discussão sobre as letras de funk como "Abre a boca e não se espanta, vou gozar na tua garganta". Mas para compensar tocaram marchinhas de carnaval e eu e a mulherada fomos dançar no mar.
À tarde fomos em uma escuna fazer um passeio panorâmico pelo litoral de Guarapari. Um lugar muito bonito e lotado, me lembrou Guarujá. As praias possuem pedras e arrecifes, formando até piscinas naturais.
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O carnaval de rua de Vitória
"02/03/2003
23h30: voltei do carnaval aqui em Vitória. É carnaval de rua, com direito a sambas e marchinhas de carnaval. E que alegria, festa democrática e popular. Tinha brancos, morenos, negros, amarelos, vermelhos e bicolores (aqueles que tomam sol de camiseta), lacraias e mocréias, criancinhas fantasiadas e velhinhas animadas; todos sem abadá, sem pagar nada (só as biritas). Fomos de ônibus de linha e conhecemos o coletivo capixaba, tão rápido quanto o ônibus USP-Jaçanã. O movimento ficava na praça 8 e na rua seguinte, tinha umas duas bandas tocando e a gente revezava entre uma e outra
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A fantasia que fazia mais sucesso era mesmo a de "Lacraia".

Vila Velha ou 1, 2, 3 e vamos lá
"03/03/03

17h15: acabei de chegar de Vila Velha. A cidade é mais populosa que Vitória. A primeira parada (além do city-tour na capital) foi na fábrica de chocolates Garoto, meu sonho dourado e nostálgico. A fábrica estava fechada, mas li as normas de entrada nela que não podem entrar até com aliança, com medo de cair alguma impureza. E voltando a fábrica, fomos apenas na lojinha, que já tinha ovos de Páscoa à venda. Depois fomos no convento da Penha, com serviço de van que leva até uma escadaria de 116 degraus (para quem já subiu + de 900 é fichinha). A vista do convento é linda, se enxerga tanto Vitória quanto Vila Velha (e a 3a ponte, uma highway que liga as duas cidades). Logo após, o pessoal que já estava por aí de fazer caminhadas debaixo de sol, foi à praia da Costa. Areia quente e água gelada (GELAAADA!) e muita gente (só Vitória que mia no feriado), tinha até uma faixa de areia com mar dos dois lados (tipo praia) que com a maré se fecha. Almoçamos a famosa moqueca capixaba, bem levinha porque não tem dendê. Eu adorei!
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O conto do jesuíta
"04/03/2003
19h42 - (...) Fomos a Praia do Canto e de lá na ilha do Frade. Um nativo apontou uma construção dita "jesuítica" que foi construída bem antes do Mosteiro da Penha (quer dizer, Convento), feito em 1651. Eu aprendi que as construções coloniais eram de pedra, no máximo pau-a-pique. Por fora, a constução parecia ser de pedra, mas eu vi uns tijolinhos à mostra que pareciam ser do séc. XIX. E o cara continuava:
- Essa construção é de bem antes do Convento da Penha, tem uns 600 anos.
Portanto, crianças, não caiam no conto do jesuíta!
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É só pensar, os jesuítas não chegaram antes que os portugueses, fizeram a tal construção e falaram para o Cabral: "Pode usar e falar que é tua!", mas continuando com as anotações do mesmo dia...

Mais uma aventura digna de MaFê 2002
"Depois conhecemos o Hotel Senac na Ilha do Boi, é o hotel mais chique de Vitória. E de lá fomos para o Canto da Jurema (ou melhor, Curva). A Curva da Jurema foi indicada pelo Guia 4 Rodas como o Point de Vitória. E, ao contrário de Camburi, estava bombando. Muita gente bonita, bronzeada e alegre dançando os hits do momento tocados por uma banxa de lambaeróbica. Tocaram até o "Aserejé" em ritmo de carnaval. Terminada a música, um susto. Houve um princípio de treta no meio do povão e só via gente saindo de medo. Susto mesmo por causa da correria."

Eu fui lá pra Vila Velha direto do Grajaú só pra ver a Madalena e bater tambor de congo lá na Barra do Jucu
"(...) À tardinha uma aventura. Pegamos ônibus de linha lotado e fomos em direção ao Terminal Vila Velha para pegar um ônibus em direção a Barra do Jucu, em um ônibus que apitava o tacógrafo toda hora na Rodovia do Sol. Assim que chegamos, esperamos o bloco passar enquanto ouvíamos Ivete Sangalo cantando Led Zeppellin em ritmo de axé. O bloco Surpresa tocou marchinhas de carnaval e mostrou nos "carros alegóricos" um apelo para que não aterrem o mangue do Rio Jucu. Então veio uma senhora e me puxou para o desfile. Fiquei meio acanhada e fui. Fui desfilar no meio dos carros na "comissão de frente" com a população local (se bobear até a Madalena do Martinho da Vila estava lá). Aí começa a tocar o hino do Corinthians e o som pára. O carro (uma perua) abre-alas pifou e veio a rapaziada empurrar o carro. O carro pegou, o som continuou e metros depois pifou de novo. O som do bloco parou e o carro que estava tocando Ivete Sangalo colocou um som e a festa continuou. Mas aí eu fui embora."
Que momento lindo! Só vai se comparar no Carnaval 2004 que eu pretendo desfilar no Anhembi (agora é sério. A Acadêmicos do Tatuapé está no Grupo Especial, ou mesmo pela campeã e minha favorita Gaviões da Fiel, mas eu VOU sim desfilar)

A volta
"05/03/2003
(...)
14h45 - cheguei na tal Pirapetinga/MG. A divisa entre os estados é bastante tênue. Você pisca no RJ e abre o olho em MG, "cagrasdesnossô", ou melhor, "Com a graça de Deus nosso Senhor". É que em Guaraparu ouvi unma mineira falando assim.
(...)
18h50 - estamos em Volta Redonda. Esqueça o meu primeiro comentário da cidade, ela é enorme.
"
Quando você está num ônibus, você acredita que aquela visão da janela é a real da cidade, você não a percorre inteira. Quando você vê o outro lado, você entende a cidade. O passeio do dia 04 foi sem guia, sem excursão, foi aventura, mas foi o melhor passeio porque interagimos com a população local.
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